quinta-feira, 28 de julho de 2005

O gafanhoto e as sempre-vivas

Quando viemos morar aqui, encontramos no lugar do jardim um verdadeiro "lajedo" de concreto. Arrancado, deu 3 caçambas de entulho de construção.

Livre, a terra, que já era boa, foi adubada. A grama plantada foi acompanhada de azaléias, girassóis, sempre-vivas, acerola, mamão, guaco, cebolinha, tomate e outras plantas, que, escolhidas por minha esposa, dava à casa um aspecto mais familiar do que um simples jardim.

Como eu gostava - e gosto - de abrir o portão e ver que toda aquela aridez do concreto - que até dava certa impressão de limpeza - agora dá lugar a plantas, ainda pequenas, mas já viçosas, floridas e frutíferas.

Fico feliz quando vem à minha mente o Salmo 84: "Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados, o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva".

Não era um vale, nem ainda é um manancial, mas o concreto árido foi substituído por plantas que alegram, refrescam e frutificam.

Há alguns dias, entretanto, uma sempre-viva amanheceu no talo: completamente desfolhada. Tristeza, raiva e culpa nas formigas. O rio havia subido e, quem sabe, expulsas de seu buraco, tivessem encontrado abrigo em nosso humilde e incipiente jardim/pomar/horta. Talvez salpicando canela moída na grama elas nos deixassem. Pensamos.

No dia seguinte, outro pé de sempre-viva teve o mesmo destino: desfolhado até ao talo.

Por que só as sempre-vivas? Justo as mais vivas? Justo as que estavam começando a florescer?

Por que só à noite?

Era de se pensar.

Atentando melhor descobrimos que era um gafanhoto que se banqueteava furtivamente. Era um só, mas já estava quase acabando as folhas: - ah! Danado! Mão certeira o jogou na grama.

Interessante: Deus nos fez para cuidar de um jardim, e seu povo, mesmo após o pecado, é comparado a plantas como oliveiras ou videiras. De modo mais próprio nosso Senhor e Mestre diz que ele é a videira verdadeira e nós somos os ramos. Porém, quando as Escrituras falam de predadores, as metáforas se agravam: o jardim vira rebanho, e não somos alertados contra gafanhotos e sim contra lobos.

Vejo, entretanto, na voracidade do gafanhoto de nosso jardim uma figura muito adequada. Ele devorou o viço das sempre-vivas e foi-se.

Só o vimos uma vez.

Agora, será preciso um pouco de paciência e cuidado para que as sempre-vivas voltem a florescer. Mas não é essa a tarefa de quem cuida de um jardim?

3 comentários:

Anônimo disse...

parábola maravilhosa!!! parabéns pela sacada.

glau

Anônimo disse...

Lindo, lindo, lindo! Copiando da Glau: "bela sacada!"

Abraços!

Anônimo disse...

Com certeza uma das nossas missões aqui é zelar por tudo que Deus colocou na natureza. Mas o mais importante nisso tudo é reconhecer que um ambiente, a princípio hostil e aplanado pela dureza do concreto dos nossos corações pode se tornar um Jardim de Deus que atraves de sua palavra recebe o alimento necessário para a subsistência e crescimento sadio.
Bela palavras Pastor.
R.