sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Tempos de refrigério

Enquanto o sol de rachar, que obrigara muitos pedestres a atravessar a rua procurando uma sombra, declinava no poente, um mormaço quente abafava a respiração e uma cigarra escandalosa parecia que ia explodir de tanto cantar.

O suor teimava em escorrer pelo corpo, que já tendo sido refrescado por três vezes no chuveiro frio, e prometia ser o companheiro de cama que afastaria a bem amada para a outra extremidade do colchão, encharcaria o forro e obrigaria os lençóis a ficarem no guarda-roupa.A porta da sala aberta, na esperança de canalizar qualquer brisa que entrasse pela cozinha, reforçada pelo ventilador de teto ligado em sua maior velocidade, pouca diferença fazia, pois o eventual ar que circulava era quente: parecia o sopro de um secador de cabelos.

A noite seria longa.

De repente, sem que se avisasse ou se esperasse, um relâmpago brilhou bem longe surpreendente. Não demorou muito, uma vários clarões davam certeza de tempestade.

As gotas esparsas foram apenas uma introdução, seguidas de um aguaceiro violento. Com a chuva veio o vento e aproximaram-se os raios e trovões: A cada clarão um estrondo que parecia sacudir o ambiente. Chovia torrencialmente. As ruas ficaram alagadas. Os respingos trazidos pelo vento por maior que fosse o beiral incomodava a alguns, mas satisfazia a maioria que ainda porejava suor.

Entretanto, curiosamente, o calor continuava. Não tão forte, mas estava lá. A chuva que lavava as ruas e o ar, ainda demoraria a esfriar as paredes.

Mais uma lição de nossa Ilha.

Você já reparou o quanto as Escrituras falam negativamente a respeito do calor? Ele é uma das ameaças do Senhor em Deuteronômio 28.22, e um dos flagelos divinos em Apocalipse 16.8e9. Entretanto o homem que teme ao Senhor não o receia (Jeremias 17.7e8).

Contrariamente a sombra é uma bênção prometida em Isaías 4.5e6, e de Isaías 25.4, cantamos que o Senhor é como sombra no calor.

Sua maior força, entretanto, é como metáfora da vida espiritual. O Apóstolo Pedro, em At 3.20, promete tempos de refrigério aos arrependidos e um dos cuidados do Bom Pastor é refrigerar alma de suas ovelhas.

O que é refrigério para a alma? Somente cada um pode responder a si próprio. Alguns atormentados pela dúvida serão refrigerados pela certeza. Outros com a consciência abrasada por um pecado renitente, ou por uma pré-disposição pecaminosa são refrigerados pela graça e vitória. E, ainda outros, que nas palavras de Tiago (3.6), a língua colocou em "chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno", encontrarão refrigério nas Palavras Sagradas.

Espero que a situação em que você se encontra não seja tão desesperadora. Mas se for não se esqueça: pouco adiantará a chuva mais torrencial. Ela pode até refrescar. Mas o calor continuará presente. Só o Bom Pastor refrigera a alma.

Um comentário:

Anônimo disse...

De fato, a Biblia Sagrada é refrigério. Isaías 25 agora é meu refrigério! Pastor, saudades de vcs!!
abraços, ana K