segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Novamente: as cercas-vivas

Você se lembra de quando eu escrevi aqui a respeito das cercas vivas que temos em nossas casas? De como a de minha casa foi cortada pelo vizinho? De como elas são úteis para alegrar o ambiente fechado, atrair passarinhos, e dar a privacidade necessária? E, principalmente, de como elas são exemplos da graça de Deus que nos protege?

Pois bem: a minha voltou a crescer.

Hibiscos vermelhos, que impedem a visão intrometida e atraem muitos beija-flores, alegram nossas manhãs. Ainda não chegam a fazer sombra como eu gostaria - especialmente nesses últimos dias em que a inclemência do sol já é sentida bem cedo - mas já alegra a visão de quem olha pra fora.

Além de bondoso, Deus é gentil. Sua bondade estende-se além do alimento que recebemos dia-a-dia e manifesta-se no ar, na água e nas demais coisas que possibilitam nossa vida. Porém sua gentileza é tão grande, que ele enche de cores nossos olhos, de música nossos ouvidos, de aromas nossas narinas, de gostos nossas bocas e de texturas nossas mãos. Não contente em bondosamente nos alimentar ele o faz com a gentileza de acrescentar ao alimento o sabor, a cor e o cheiro. Além da comunicação mútua, ele nos habilita a expressar o belo e a ouvir o que é agradável. Além de ver o que está ao nosso redor, ele mostra-nos arte nessas coisas.

Saboreamos o que comemos, nos deliciamos com as vozes suaves dos amigos e dos pássaros e vemos o verde salpicado de todas as cores possíveis.

De vez em quando, esquecemos de desfrutar desses dons maravilhosos e, como crianças mal-educadas, nos privamos da variedade de sabores, trocamos a harmonia pelo barulho, as cores pela monotonia do cimento cinza e dos muros pichados.

O mais importante é que sua bondade e sua gentileza não têm fim. Elas se renovam. As cercas vivas, mesmo depois de cortadas, voltam a crescer. Além de se renovarem, muitas vezes somos agraciados com o que não esperávamos. No meu caso, além da cerca viva voltar a crescer, nasceu uma trepadeira que logo atingiu a grade da janela e continuou subindo. Tiramos a cortina de dentro, pois ela é uma cortina natural por fora do quarto. Enquanto a cerca viva não cresce o suficiente para fazer sombra, ela faz. Suas folhas de verde profundo coam os raios solares e deixam passar a brisa fresca que vem do rio.

Mas a graça do Senhor não para de crescer. Depois de algum tempo a trepadeira deu flores. É um maracujá. Logo teremos frutos. E as flores, por sua forma e cor, e pela época de floração, já nos lembram da semana santa.

Meus irmãos, não sou membro do partido verde, muito menos milito em qualquer organização ambientalista, gosto da criação do Senhor por muitas razoes, principalmente porque ela grita para mim o quanto ele é amoroso. Não corto cercas vivas: elas nos protegem de muitas coisas e nos lembram a bondade de nosso Deus. Bondade essa que é apenas um respingo da bondade maior estampada na cruz.

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