sábado, 2 de setembro de 2006

Mãos

Uma das figuras que a Bíblia usa com mais freqüência é a das mãos. Não são poucos os lugares em que as Sagradas Escrituras falam delas. Surpreendentemente, as usa não só em relação aos homens mas principalmente a Deus.

Em muitos lugares se diz que foi a mão do Senhor que deu forma a todas as coisas, e a todas fez com destreza. Moisés repete muitas vezes que Deus livrou seu povo com mão forte e com mão forte também o protegeu e os disciplinou no deserto. E não foram poucos os que se dispuseram a cumprir uma ordem do Senhor se sua mão estivesse com eles.

O salmista diz que a mão do Senhor o guiaria mesmo que ele, tomando as asas da alvorada, procurasse afastar-se de sua presença. O profeta garante que a mão de Deus não está encolhida de modo que não possa abençoar. E o próprio Senhor promete a seu povo os tomar pela mão.
Não bastasse tantas afirmações, feitas em uma linguagem tão simples, usando uma figura mais simples ainda, que até mesmo os mais simples entenderiam, o próprio Senhor, encarnado, usa concretamente as mãos a que se referira de modo figurado.

Com elas abençoou. Com elas teceu um chicote e limpou a casa do Pai. Com elas lavou os pés de seus alunos. E, enquanto por elas era traspassado, perdoou-nos mostrando-nos que não sabíamos o que estávamos fazendo ao pregá-las no madeiro.

Não duvide! Eu e você e todos os seus eleitos, estávamos lá pregando suas benditas mãos, através de mãos iníquas, tão pecadoras quanto as nossas.

Com suas mãos furadas instou a Tomé que cresse, e o advertiu que mais bem-aventurados seriam os que não precisariam desse testemunho terrível.

Finalmente somos informados que haveremos de reconhecê-lo por suas cicatrizes: certamente as das mãos serão uma delas.

Como precisamos desta bendita certeza.

De suas santas mãos recebemos tudo: desde o pão de cada dia até o consolo de que carecemos nas aflições. De suas santas mãos recebemos os sinais que nos orientam a fazer sua vontade.
“Como os olhos dos servos estão fitos nas mãos de seu senhor e os olhos das servas nas mãos de sua senhora, os nossos permanecem fitos nas mãos de nosso Deus”. Delas esperamos bênção. Delas esperamos orientação. Nelas nos abandonamos e sabemos que se ele deixou que elas fossem traspassadas por nós, elas não nos afligirão sem necessidade ou razão.

Mas nunca esqueçamos de que, por vezes, somos nós suas mãos. Algumas vezes, através de nós suas mãos alcançam nosso irmão necessitado ou se levantam contra o erro.

Nunca “abafemos” seu Espírito e estaremos consagrando nossas vidas, como instrumentos dóceis de execução de sua vontade: como se fôssemos verdadeiramente suas próprias mãos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro reverendo

Setembro de 2006 parece ter sido uma fase poética.

Gostei da inspiração e beleza deste texto e do outro sobre o púlpito deitado.

Muito legal.
Que estes elogios, não sirvam para sua vaidade, mas para incentivo.

Um grande abraço

folton disse...

Caro Oliveira;

Tenha certeza que os colocarei, onde sempre os coloco: aos pés da cruz de nosso Senhor.
ab
Fôlton