sábado, 3 de março de 2007

"Comércio de nós"

Anunciaram ter achado um caixão com os ossos de Jesus.

Pronto! Não se falou de outra coisa durante dois dias: entrevistaram arqueólogos, estudiosos, religiosos ...

Basta aproximar-se o Natal ou a Páscoa que tudo se repete. Você se lembra em que época divulgaram o evangelho de Judas? Já reparou nos assuntos que a imprensa veicula nessas ocasiões?

É sempre a mesma coisa: estamos a menos de 40 dias da semana-santa, por que este ano seria diferente?

Este é outro aspecto das Escrituras Sagradas: “movidos por avareza, farão comércio de vós” (2Pe 2.3).

Comércio mesmo! Eu ficaria surpreso se não aproveitassem essas datas.

Não me surpreenderia se aparecesse algum “Diário de Caifás” contando os bastidores do julgamento de Jesus. Que editor não o publicaria?

Imagine o estardalhaço se aparecesse um texto de uma mulher, ou de uma criança, nascida na casa vizinha a de Jesus?

Alguns de nós, de tão acostumados, já nem percebem: Quantos livros foram escritos propondo uma revisão na história?

Quantas Bíblias foram editadas propondo uma nova abordagem dos acontecimentos? Já vi nas livrarias Bíblia de Promessas (como se a maior parte do texto canônico não fosse de advertências), da Criança, da Mulher, do Executivo ... Mas a “Bíblia do Mendigo” dificilmente será editada. Quem vai comprá-la?

Também não me surpreenderia com um DVD - agora mais acessível - da mesma cantata, que já foi gravada em vinil, em CD, em VHS, e dada como brinde a quem assinou uma revista de fofoca.

Nem me assustaria se os novos evangélicos, que foram destaque no último carnaval, apresentando algum show, ou coisa semelhante, com a promessa de que seu filho curtirá melhor a “mais fantástica história cristã”.

Essa é a natureza do comércio: adaptar-se a qualquer situação para tirar lucro dela.

O Natal foi e a Páscoa receberam já símbolos e praxes que apelam diretamente ao consumo: o Papai Noel, o Ovo e outros tantos. Precisam de novos a fim de que novos ramos comerciais participem, ou, no mínimo, chamar a atenção para a data. Isso é função da imprensa, que acaba comercializando também assuntos tão pertinentes quanto um ovo de coelho feito de chocolate é para a páscoa.

Chega!

Nunca respeitaram e não será agora que respeitarão o Senhor Jesus.

A última semana do Senhor, para nós, transcende a todas essas sandices. Ela representa de modo condensado toda extensão de seu ministério. Fala de desilusão, perseverança e vitória.

Desilusão dos coitados, arraigados neste mundo, interessados em milagres, ou em um pedaço de pão.

Desilusão de israelitas sinceros que aguardavam a restauração do Reino de Davi, sem sequer imaginar uma restauração espiritual.

Desilusão semelhante a que houve no monte da transfiguração, quando, de tão maravilhoso, se desejava ficar acampado ali, sem pensar nas trevas ameaçadoras lá de baixo.

Fala-nos também de perseverança em realizar a vontade de Deus apesar de amigos e de inimigos, de circunstâncias favoráveis ou da adversidades. Apesar de uma cruz.

Mas a semana termina em vitória. Não em uma cruz, e sim em um túmulo. Vazio.

E esta semana nos mostra tanto a justiça como o amor de Deus , pois justiça e amor levaram Jesus à cruz mas não o retiveram no túmulo, “Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles. Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. E outra vez: Eu porei nele a minha confiança. E ainda: Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu”. (Hb 2.10-13)

Esqueçamos os “atrativos” que o comércio nos propõe e mantenhamos firmes nossa fé. Ela não pode ser comercializada: é impagável.

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