quinta-feira, 15 de março de 2007

Conspiração e a Cruz do Senhor

Dando continuidade ao que já vimos no Boletim passado vejamos mais este aspecto.

Outro pecado cuja conseqüência direta foi a cruz de nosso Senhor foi “o conspirar”. Por falta de uma palavra melhor usarei essa com o seguinte sentido: ajuntamento para fazer o mal usando as prerrogativas do ofício que cada um exerce.

A ressurreição de Lázaro foi “a gota d’água” para os líderes religiosos judaicos, pois, mesmo após tão grande sinal, eles, reunidos, deixaram claro qual era, na verdade a maior preocupação que tinham: “Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, vendo o que fizera Jesus, creram nele. Outros, porém, foram ter com os fariseus e lhes contaram dos feitos que Jesus realizara. Então, os principais sacerdotes e os fariseus convocaram o Sinédrio; e disseram: Que estamos fazendo, uma vez que este homem opera muitos sinais? Se o deixarmos assim, todos crerão nele; depois, virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação”. (João 11:45-48).

A conspiração chegou ao mais alto nível. Saiu da “roda dos descontentes” e chegou ao Sinédrio.

O Sinédrio era a corte suprema dos judeus. Era o remanescente daqueles 70 homens que foram nomeados por Moisés, ainda no deserto, para ajudá-lo a julgar casos menores. Porém, nos dias de Jesus, eles tinham a última palavra nos casos mais difíceis. Eram a corte suprema de Israel.
Reuniam-se nas dependências do templo e estavam sujeitos a ritos processuais bem claros. Por exemplo: Não podiam fazer julgamentos noturnos. Não podiam sentenciar no mesmo dia do julgamento (só depois de uma noite de “consulta ao travesseiro”). Não podiam condenar alguém com base em sua própria confissão, mas apenas em vista do depoimento de, pelo menos, duas testemunhas.

Todos esses preceitos, e mais alguns, que não vêm ao caso, extraídos do Velho Testamento, foram desprezados no julgamento de Jesus.

Ele foi preso pela guarda do templo na quinta-feira à noite e, imediatamente após ser torturado, teve início seu julgamento. E ainda na mesma noite foi dada a sentença, que teve por base a sua própria confissão de “ser o Filho de Deus”, extraída sob conjuro pelo Deus Vivo feito pelo Sumo Sacerdote: a maior autoridade à qual um judeu estava sujeito.

Outro dispositivo processual interessante determinava que a condenação à morte mediante o voto de metade mais dois juízes. Parece que o silêncio indicou unanimidade da corte embora fizessem parte dela José de Arimatéia e Nicodemos.

Na realidade não houve um julgamento. A conspiração, e os interesses escusos, contribuíram para esse simulacro. Tanto é que para manter as aparências reuniram-se bem cedo de manhã para formalizar o que já havia sido decidido à noite, e o entregaram a Pilatos já julgado e apenado.

Quando Pilatos constatou que, à luz da justiça comum, havia uma disparidade muito grande entre a falta e a pena, trataram de acusá-lo de outro crime, que aos olhos romanos era mais grave: rebelar-se contra César.

A conspiração permeia todas as instituições humanas em maior ou em menor grau, pois ela é o sintoma de um coração mais propenso à maldade do que ao reto juízo. Ela está presente até mesmo na vida familiar e mostra, sem nuances, como o coração do homem está distorcido.

Via de regra a conspiração tem início com a murmuração, tão condenada nas Escrituras e tão detestada por Deus.

Tanto a murmuração, quanto a conspiração crescem no anonimato e são excelentes ambientes para o cultivo da mentira e da covardia.

Fujamos dela lembrando as palavra do Mestre: “que a tua palavra sim signifique sim, e a tua palavra não signifique não”

4 comentários:

Unknown disse...

Obrigado pela reflexão Folton!

Creio que o segundo parágrafo esteja faltando alguma palavra. Está de dificil compreensão...

Um abraço...

Fique com Deus...

folton disse...

Obrigado (duas vezes). Já corrigi.
ab
Fõlton

Anônimo disse...

Caro Reverendo

Me chamou a atenção a parte que diz "... foi preso pela guarda do templo na quinta-feira à noite e, imediatamente após ser torturado...".

Quinta-feira...?

Se Jesus foi crucificado numa sexta-feira santa como prega a igreja católica, não seria o caso ele não ter cumprido o sinal de Jonas de ficar sepultado por três dias e três noites?

Conhece a teste que diz que Jesus foi morto numa quarta-feira véspera de um "grande" sábado?

Um abraço

folton disse...

Oliveira;

Eu conheço a teoria. Entretanto ainda prefiro a explicação tradicional. É mais simples e, para mim, apresenta menos dificuldades exegéticas.

ab
Fôlton