sábado, 14 de abril de 2007

Os Inimigos da Cruz de Cristo

Será que alguém pode odiar a cruz de Cristo? Talvez ser-lhe indiferente. Mas, odiar? Infelizmente há quem a odeie, sim! Pior: nas Igrejas e muitas vezes são líderes delas.

Quando o Apóstolo Paulo escreveu à Igreja da cidade de Filipos disse claramente: “Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” Fp 3.18.

Àquela época, parece que o Apóstolo tinha em mente seus patrícios que insistiam em exigir que os novos cristãos passassem pelo judaísmo, pois ele diz “o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia”, aludindo às leis alimentícias e à circuncisão.

Ainda hoje podemos ver os “que ... exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças” (1Tm 4.3). Entretanto, hoje eles apresentam uma face mais moderna.

Aos coríntios, que muito valorizavam o saber, Paulo expôs o Evangelho não com “sabedoria de palavra”, mas com “a palavra da cruz” para não anular sua mensagem.

Aos gálatas, que estavam sendo assediados por esses judaizantes, deixa claro que a intenção deles, impondo obrigações, era desviar a atenção do “escândalo da cruz”, e ostentarem-se na carne e não serem discriminados. Mas, ele, Paulo, não se gloriava em nada além da cruz, pois nela o mundo havia sido crucificado para ele e ele para o mundo.

Aos efésios, preocupados em como entender as promessas igualmente feitas aos judeus e gentios, Paulo garante que a cruz nivelou tudo. A tal ponto de que nela judeus e gentios foram reconciliados “em um só corpo com Deus”.

Aos colossenses ensinou que tudo o que devíamos a Deus, e nos prejudicava, desde a mais simples ordenança, que nunca conseguimos cumprir, Jesus encravou, pregou, (do mesmo modo como ele foi pregado) na cruz, expondo ao desprezo, triunfando sobre os rudimentos que nos mantinham debaixo de jugo.

Você entendeu? Se alguém ensinar, como é ensinado hoje, que é necessário, reencarnar-se, purgar pecados, deixar de comer isso ou aquilo, pagar tanto, ou guardar qualquer tipo de obrigação, para que ser salvo, tal pessoa é inimiga da cruz de Cristo, pois está fazendo sombra sobre ela: a maior de todas as coisas. Também está dizendo que ela não é suficiente. Zomba da sabedoria de Deus e faz pouco caso do sofrimento de Jesus.

É claro que obedecemos as ordens que o Senhor nos deu: evitamos pecar, observamos os períodos que ele mesmo estabeleceu para nos fortalecermos comunitariamente junto dele, arcamos com as despesas decorrentes disso, etc. Porém o fazemos porque já estamos salvos.
Fomos pendurados com ele naquela cruz. Somos amigos dela. Preferimos estar nela a desfrutar os maiores e melhores prazeres que o mundo nos ofereça fora dela.

Se o Senhor, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não levando em conta o quanto isso era escandaloso para os judeus e “idiota” para os gentios, acaso podemos recusá-la? Somos melhores do que ele? Temos vergonha de sua cruz? Somos inimigos dela?

Finalmente, tenho visto que para fugir desta vergonha os “neo-evangélicos” escondem-se atrás da “celebração da ressurreição de Cristo”. Tudo a pretexto de festejar e parecer mais agradável ao mundo, copiando suas músicas, seus shows, suas modas, até os chavões com que se apresentam e apresentam seus sucessos. Trocam o púlpito, onde a cruz é anunciada pelo palco onde é escondida nos bastidores ou estilizada nos cenários.

Dia desses recebi um convite cuja frase final resumia seu conteúdo: “Jesus fez tudo. Agora só nos resta celebrar”.

Deixem-me dizer claramente: nem a ressurreição aconteceria sem a cruz. Jesus tinha de morrer numa cruz. Se o inimigo tivesse conseguido matá-lo quando tentou (Herodes, os da sinagoga de Cafarnaum, ou através de qualquer outro modo que não a cruz), sua morte teria sido vã.
Ele tinha de morrer condenado por um tribunal religioso, o Sinédrio (pois assim estava sendo condenado por Deus no aspecto formal da religião), por um tribunal civil, pois assim estava sendo condenado por nós, e finalmente deveria receber a maldição divina que recebia todo aquele que ficava “pendurado no madeiro”.

Certamente, só seremos amigos da cruz de Cristo, quando dissermos e vivermos “CRUX SOLA NOSTRA TEOLOGIA”.

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