sábado, 6 de outubro de 2007

Mães que jogam seus filhos no lixo

Em um período de mais ou menos um ano fomos estarrecidos pela notícia de duas mães que jogaram seus filhos na água. Uma em uma lagoa e outra em um verdadeiro esgoto.

Eventualmente poderíamos compará-las a Joquebede que, às águas confiou seu pequeno Moisés. Mas teríamos dificuldade em manter a comparação, pois esta além de colocá-lo em um pequeno cesto que flutuava, confiou na vigilância atenta de sua filha Miriam visando a salvação do pequeno. Mas aquelas além de colocá-los em sacos de lixo esperavam ficar livres de um incômodo.

Talvez, como a aversão que Amnon sentiu por Tamar (maior do que o desejo que o levou a forçá-la), a aversão que elas sentiram pelo fruto de seus ventres passou a ser maior do que o desejo que as levara a concebê-lo.

Doença, dizem alguns. Talvez. Porém podemos dizer com certeza? Quantas doentes sentiram vontade de matar o filho que deram à luz e não o fizeram?

Há alguns anos uma jovem mãe insistiu que eu orasse com ela: “Estou endemoninhada pastor”. Insistia mais. “Não tenho paciência com minha filha, e, de vez enquanto, me pego pensando em como matar meu bebê”. E concluiu: “Tem de ser demônio”.

De nada adiantaram minhas tentativas de explicar o que era depressão pós-parto e quais seus efeitos. Ela insistia em dizer-se endemoninhada. Chegou a contar a todos da Igreja os terríveis sentimentos que escondia desde o primeiro parto, só para avisá-los que eu tinha recusado “exorcizá-la”.

A loucura dessas duas, que jogaram seus filhos no lixo, não é característica exclusiva de nossos dias. Sabemos disso pela própria Bíblia. Você está lembrado do que aconteceu quando a Síria cercou a Samaria? Releia:

Algum tempo depois, Ben-Hadade, rei da Síria, mobilizou todo o seu exército e cercou Samaria. O cerco durou tanto e causou tamanha fome que uma cabeça de jumento chegou a valer oitenta peças de prata, e uma caneca de esterco de pomba, cinco peças de prata.

Um dia, quando o rei de Israel inspecionava os muros da cidade, uma mulher gritou para ele: “Socorro, majestade!” O rei respondeu: “Se o SENHOR não a socorrer, como poderei ajudá-la?

Acaso há trigo na eira ou vinho no tanque de prensar uvas?” Contudo ele perguntou: “Qual é o problema?”

Ela respondeu: “Esta mulher me disse: ‘Vamos comer o seu filho hoje, e amanhã comeremos o meu’. Então cozinhamos o meu filho e o comemos. No dia seguinte eu disse a ela que era a vez de comermos o seu filho, mas ela o havia escondido”. Quando o rei ouviu as palavras da mulher, rasgou as próprias vestes. 2Re 6.24-30

Entretanto, esse tipo de coisa é tão desnatural que o SENHOR através do profeta Isaías pergunta: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Pode uma mulher não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? Mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria jamais” Is 49.15.

Deus não se esquece de nós!

Mas repare bem: Se nos indignamos com o que aconteceu não é o caso de nos indignarmos também contra quem faz a mesma coisa a filhos mais novos? Qual é a diferença entre matá-los depois que saem do útero e de matá-los dentro dele? Não estão igualmente vivos? Não terão por destino as águas poluídas de algum esgoto?

Pensando um pouco mais: Quem comete maior pecado? Quem, abortando, priva seu filho do “nascimento”? Quem provoca um parto e depois joga seu filho nas águas sujas de um esgoto?

Ou, ainda, quem, depois de um parto abençoado por Deus, e acompanhado com alegria pela família, expõe seu filho a um ambiente cuja poluição não é para se comparar à poluição das águas do mais pútrido esgoto, já que infecta não apenas o corpo mas o espírito da criança?

Por colostro essas crianças tiveram as águas imundas dos esgotos. Quantas por “colostro espiritual” recebem as influências mais infames do pecado?

“... se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me acolherá” (Sl 27.10). O SENHOR não se esquece de nós!

Afinal, além de nos ter feito, nos chamou à luz com dores superiores às de uma mãe. Nosso nascimento custou-lhe a separação de seu amado Filho. Nossa vida custou-lhe amaldiçoar aquele a quem eternamente gerou.

Mesmo que vivamos em uma época em que se torne comum as mães jogarem seus filhos no lixo, o SENHOR jamais nos abandonará.

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