No leito, enquanto dormimos, recebemos bênçãos superiores as que eventualmente viríamos a conseguir levantando-nos de madrugada, dormindo tarde e comendo o pão que penosamente granjearmos.
No leito “consultando o travesseiro” e, meditando na Palavra do Senhor, aguçamos nossa consciência, fortalecemos nossas convicções e nosso coração nos ensina.
No leito somos objetos da graça e misericórdia de Deus, que muitas vezes nos devolve a saúde, ou “afofa-nos a cama” quando é sua vontade que permaneçamos nela.
No leito sem mácula honramos o amor conjugal pactuado em nossos corações, a exemplo do bendito pacto eterno através do qual somos do Amado de nossas almas e Ele é nosso.
Mas, no leito também “nadamos nossas lágrimas e alagamos nosso pranto” ao perceber o quanto os perversos se multiplicam e o mal se alastra ao ponto de atingir aquilo que de mais precioso tentamos preservar.
Ainda no leito deprecamos nossa situação e, ao fazer o balanço do nosso dia, e, o encontrando em falta, recorremos ao único de quem podemos dizer “em paz me deito e logo pego no sono, pois tu SENHOR me fazes repousar tranqüilo”.
No leito os pecadores não encontram descanso de suas preocupações. E, mesmo dormindo, o que lhes vem é a obsessão em construir “novos celeiros” e garantir à própria alma: “tens muito em depósito: come, bebe e regala-te”.
No leito os perversos maquinam perversidade. Abjurando o discernimento e a prática do bem, estudam como podem atingir o justo e como podem ser mais eficientes em fazer o mal.
No leito os ímpios repousam o corpo e afadigam a alma. Pois sabem que se aproximam céleres do último leito reservado ao corpo - fechado escuro e frio - enquanto a alma, por leito, terá calor e trevas; choro e ranger de dentes.
No leito os escarnecedores maculam o pouco do bem que ainda poderiam conservar e, cobertos de nódoas, o que fazem “o só referir é vergonha”.
O leito pode ser lugar de bênçãos e de maldições. Mas certamente é lugar de teste. Lugar muito propício a nos conhecermos melhor.
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