sábado, 9 de agosto de 2008

O Pai, o Filho e os demais filhos

O curso de catecúmenos em nossa Igreja é, na verdade, um estudo aprofundado do Credo Apostólico e os que o fazem são, desde a primeira aula, expostos a uma afirmação inquietante: “Creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra”.

Chamo a esse artigo do Credo de afirmação inquietante por ele abordar dois tipos de paternidade e não deixar muito espaço para conjecturas: ou se crê que Deus as exerce ou não.

Quando o Credo chama Deus de Pai, está fazendo uma alusão direta à doutrina da Trindade em que a Primeira Pessoa é conhecida como Pai.

As Escrituras Sagradas estão cheias de afirmações sobre filhos de Deus, e nós, Cristãos, deixamos bem claro no segundo artigo do mesmo Credo: “Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor...”.

Como vemos na classe de catecúmenos é muito difícil de entender a relação entre a Primeira e a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, pois as Escrituras falam dela como uma relação de paternidade e filiação estrita: “Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei” (At 13.32-33).

A Segunda Pessoa da Trindade é filha da Primeira por geração: Geração eterna! A única comparação possível com o que conhecemos é a que o Apóstolo João usa: O Verbo.

Ele é Filho do Pai como a palavra (o verbo) é filho do falante. Como Deus é eterno, e falou na eternidade (antes que houvesse tempo) seu Filho “é eternamente gerado”.

Porém para que nós, nascidos no tempo, fôssemos alcançados pelas bênçãos decorrentes da “geração eterna” do Filho, ele se fez um de nós: “... ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.6-8).

Como se o artista perfeito resolvesse fazer estátuas de seu filho. Tanto as estátuas quando seu descendente poderiam ser chamados de “filhos”. Mas há alguma comparação entre a pedra esculpida e o descendente além da imagem?

Assim também nós, criaturas do Supremo Artista, fomos feitos imagem do verdadeiro Filho. Surpreendentemente, o Verdadeiro Filho, torna-se um de nós, a fim de sermos como ele é.

Graça impar!

“Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. E outra vez: Eu porei nele a minha confiança. E ainda: Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu.

Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.

Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 2.11-18).

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