sábado, 12 de setembro de 2009

Tempo de plantar

Broto de Uva Setembro chegou e com ele o calor se anuncia e as chuvas já ameaçam cair. Aproxima-se o tempo de plantar.

Nesta época a terra, qual forno, aquece e quebra as sementes. As chuvas as refrescam e as fartam de nutrientes. Logo nascerão plantas novas. As mangueiras já estão florindo, breve as manguinhas, e as demais frutas da época estarão prontas para ser colhidas.

Os frutos podem ser consumidos in natura, ou preservados. Alguns serão secos, outros serão cozidos em compotas e outros ainda serão prensados, fermentados ou destilados, nos mais variados líquidos.

Para compensar o desconforto do calor muitos aromas invadem a noite e o sono e nos renova a certeza de que o Amado de nossa alma nos provê daquilo que não conseguiríamos mesmo levantando de madrugada, dormindo tarde e penosamente nos afadigando sob o sol.

Para compensar a noite mal dormida ele nos acordar ao som dos passarinhos que nos certificam - como a pomba certificou a Noé que as águas haviam baixado - que suas misericórdias se renovaram naquela manhã.

Essa bendita variação do tempo nos traz muito mais do que sabores, aromas e sons agradáveis: renovam a certeza de que, o Pacto feito com Noé ainda vigora e pode ser por nós desfrutado.

É a graça. Todas essas coisas são mantidas pela graça divina e sem ela nada se renova.

Dia desses vi diversas mudas prontas para formar um vinhedo - essas que estão na foto - e observei que algumas já estavam brotando. Lembrei-me da mangueira frondosa vizinha de meu quarto e que, no final do ano, marcava a passagem da noite com baques surdos das mangas mais maduras derrubadas pela brisa cálida vinda do rio e lembrei-me também das palavras de nosso Senhor: “todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele (o Pai) corta e o lança fora”.

A igreja de Antioquia - aquela que enviou Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária que as Escrituras registram - sofreu esta sanção. Dela hoje só temos uma caverna com ares de impostura para turismo. E as demais igrejas? Você já reparou que nenhuma igreja mencionada no Novo Testamento continua de pé? A menos que você considere de pé a igreja de Roma.

Aguardo ver um broto no tronco que sobrou da mangueira, como vi aquele broto da vinha. Entretanto, temo que os dias estejam mais para a missão de Isaías que ao se voluntariar com “eis-me aqui, envia-me a mim”, recebeu a dura missão de falar a santa mensagem até sobrar apenas o toco. Toco como o da mangueira de meu vizinho.

Temo que as palavras de João estejam se cumprindo “E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Lc 3.9).

É tempo de plantar. Tanto nos campos quanto em nossas vidas. Plantemos na confiança de boas colheitas de cereais e frutas, mas principalmente do único fruto que se entesoura para a vida eterna.

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