domingo, 6 de dezembro de 2009

Orações pecaminosas

Você ficou chocado com o vídeo que mostra algumas pessoas orando agradecidos pelo dinheiro recebido no esquema que a imprensa está chamando de “O novo mensalão”? Apesar de já ter visto coisas semelhantes, eu também fiquei.

No início de meu ministério – no milênio passado – vi uma senhora, viúva há poucos anos, orar diante da igreja, grata pela grande bênção que havia recebido: só teve de gastar 500 cruzados (dinheiro de então) com gorjetas para regularizar o espólio de seu marido que não estava completamente documentado.

O que é que leva alguém a agradecer por algo ilícito? Eu não tenho certeza, mas desconfio que seja a grande importância que tal pessoa dá ao mundo. Para ela o mundo é seu objetivo. Para ela o importante é ter. E o matérial se torna tão importante que Deus lhe está obrigado a dar não apenas o de que necessita, mas também aquilo que vier a desejar.

Esse absurdo deixa claro uma das grandes dificuldades que os pastores sério enfrentam nos dias de hoje: Nenhum pastor desestimula a prática da oração. Entretanto, esse tipo de oração, que coloca Deus como servo, ou que está a serviço do pecado, pode ser muito danosa à vida de qualquer crente em nosso Senhor Jesus Cristo. Neste caso é melhor não orar.

Jesus foi claro ao determinar que nossas orações fossem breves, quando nos advertiu que não é pelo muito falar que seríamos ouvidos. Também deixou claro que não devemos orar em busca de reconhecimento, pois quem o faz já recebeu sua recompensa: ser reconhecido.

Em uma de suas parábolas - talvez a mais irônica delas - ele usa dois personagens: um fariseu (a maior autoridade religiosa de sua época) e um publicano (a pessoa mais odiosa que podia haver, pois cobrava imposto dos seus patrícios em favor dos invasores romanos), representando dois tipos de pessoas que buscam a Deus em oração. O fariseu aproveitava sua oração para elogiar a si próprio e o publicano, contrito, pedia perdão por sua vida errada. Jesus declara que o publicano foi ouvido e o alto religioso, cuja função era cuidar dos assuntos divinos, foi rejeitado.

O apóstolo Paulo explicou que, por não sabermos orar como convêm, o Espírito Santo nos ajuda, sofrendo conosco, nos mostrando pelo que devemos interceder e o que devemos pedir. Hoje isso é feito através da iluminação que ele nos proporciona pra entendermos as Santas Escrituras por ele mesmo escritas.

E a razão de tal cuidado que o Espírito Santo tem conosco é muito simples: Se nossas orações não forem acompanhadas pela leitura de suas Escrituras, corremos o risco de acabar decidindo nós mesmos pelo que orar. E nosso coração pecaminoso colocará na nossa frente necessidades tolas ou aberrações como a de agradecer pelo pecado cometido.

Não devemos orar sem ler a Bíblia. Ao ler sabemos quais são os valores de Deus e pelo que devemos nos empenhar. Só assim oraremos adequadamente e nossos pedidos em si mesmos já serão atos de louvor, pois serão feitos conforme a vontade de Deus. Então fará sentido a recomendação do Salmista: “Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração” (Salmo 37.4).

Alguém cunhou uma expressão que se tornou verdadeiro provérbio entre os evangélicos brasileiros: “Muita oração, muito poder. Pouca oração, pouco poder”. Poder pra quê? Pra ficar rico? Pra ganhar eleições? Pra oprimir o pobre? Só fará sentido termos poder para fazer a vontade daquele de quem somos servos. O poder que eventualmente possuamos deve ser colocado a seus pés e ser exercido de conformidade com sua lei.

Um comentário:

Danyel Belmont disse...

Prezado Pastor, foi bom ler este post.
Fiquei extremamente incomodado ao assistir a referida cena na TV.
Impressiona o pecaminosidade tão aflorada a ponto de perverter desta maneira o precioso acesso ao Pai.
Paz de Deus.
Danyel
I.P. Jockey
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