sábado, 13 de fevereiro de 2010

Pedro e o futuro

Tenho a forte impressão de que todos nós gostaríamos de receber ordens diretas do Senhor. Como seria bom conhecer o que ele deseja de nós e que fim ele nos reserva. Na verdade ele já fez isso a algumas pessoas e hoje quero falar de uma delas.

Após sua ressurreição, e embora tivesse mandado uma mensagem a Pedro por Maria Madalena, e até lhe aparecido, junto com os demais discípulos, ainda não havia falado diretamente com ele. A consciência de Pedro o remoía, desde que negara a Jesus. A falta de uma palavra pessoal de Jesus o desnorteava.

Em uma madrugada, em que ele procurava esquecer-se de tudo afadigando-se no trabalho, Jesus o chamou (veja mais sobre isso). Mas não foi um chamado qualquer. Foi mais um acerto de contas.

Se três vezes ele o negara, três vezes ele seria questionado sobre seu amor. E a cada vez em que ele declarava-lhe amor o Senhor o encarregava de cuidar de suas ovelhas.

A terceira declaração de Pedro foi diferente. Não estava carregada de certezas, mas do reconhecimento da própria fraqueza e de submissão. A esta última, além da ordem de cuidar do rebanho, o Senhor acrescentou “Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres”. E João a interpreta: “Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus” (Jo 21.18-19).

Que declaração fascinante! Dada por quem sabia que isso iria acontecer, não por ter previsto, mas porque determinou.

Pedro ficou sabendo que chegaria a velhice, que sua morte não seria de causas naturais, que seria manietado e levado, contra sua vontade, ao patíbulo. Pedro teve mais informações sobre seu futuro do que temos sobre o nosso.

Após tais informações o Senhor acrescentou: “Segue-me”. Pedro obedeceu literalmente e viu que João, sem ser chamado, seguia a Jesus também. Por preocupação, ciúmes ou por qualquer outro motivo que não sabemos, ele perguntou a Jesus: “Senhor e a respeito deste?" (v21 tradução minha).

Se Jesus já tinha parecido ríspido na tríplice confrontação de Pedro, e mais ainda ao declarar seu futuro, sua rispidez aumentou: “Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu” (v22 Versão Corrigida).

Todas as vezes que falo do grande consolo que recebemos quando o Espírito Santo confirma em nosso coração o chamado de Deus, sempre alguém me interrompe: - e os coitados que não foram chamados? Deus vai deixar que todos sejam condenados?

É o comportamento de Pedro: Recebemos do Senhor a certeza bendita que fala mais alto a nossos corações do que ordens gritadas a nossos ouvidos. Mas, nossa curiosidade - especialmente se estiver associada ao ciúme - é implacável!

Quantos pedros trocam a alegria de seguir o Senhor pela curiosidade mórbida sobre seu irmão? Será que ele foi mais agraciado por Deus? Será que ele está com inveja de mim?

Nunca me esqueço de um Senhor que se orgulhava de ser humilde e fazia questão de relembrar a todos desta sua qualidade, até mesmo em suas orações.

Felizmente o Senhor não desiste dos que chama. Até os servos inúteis escutarão sua voz: “esqueça os outros e siga-me”.

Não troque a alegria de segui-lo pela maior curiosidade que sinta ou pelo maior prazer que lhe for proposto. A cruz junto dele é mil vezes preferível a qualquer riqueza, prazer ou satisfação.

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