domingo, 1 de abril de 2012

Novo mandamento vos dou

Pois, quando se muda o sacerdócio,
necessariamente
há também mudança de lei.
Hb 7.12

Houve três períodos sacerdotais distintos na história do povo de Deus. Cada um deles com suas peculiaridades, mas, acima de tudo, com legislação própria.

O primeiro foi o período dos patriarcas. Nele cada patriarca era o sacerdote dos seus. Como exemplos: Noé levantou um altar e ofereceu holocaustos sobre ele (Gn 8.20). Abraão ofereceu sacrifícios por si e pelos seus. Jó levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de seus filhos cada vez que eles faziam “uma rodada” de banquetes temendo que algum deles tivesse blasfemado (literalmente: abençoado) a Deus no coração (Jó 1.5).

E assim procederam, Isaque, Jacó, e quem viveu nessa era, até a época de Moisés, que estabeleceu um novo sacerdócio: O sacerdócio levítico.

Antes de falar sobre o sacerdócio levítico convém lembrar que ainda na época dos patriarcas Abraão encontrou-se com um homem em quem reconheceu sacerdócio superior ao seu. Rendeu-lhe homenagens entregando-lhe a décima parte dos melhores despojos do que havia tomado em guerra recente. Era Melquisedeque (Gn 14.18-20). O Escritor da Carta aos Hebreus nos ensina que Abraão estava diante de alguém que prefigurava Jesus, o verdadeiro Rei de Justiça (esse é o significado do nome Melquisedeque), que recebe os dízimos de sua Igreja. Aliás é bom repararmos também no que ele serve a Abraão: pão e vinho.

Estabelecido o sacerdócio levítico, Moisés normatiza o que já era exigência do sacerdócio anterior e cria uma legislação minuciosa e intrincada.

A normatização atinge basicamente a três coisas:

1. As penas: Devem ser proporcionais a ofensa. A um olho, apenas um olho e a um dente apenas um dente. Continua-se com a pena de morte estabelecida por Deus desde Noé.

2. Os dízimos: Não serão mais pagos a indivíduos e sim recolhidos à casa do tesouro, que atenderá às necessidades.

3. Os sacerdotes: Somente os sacerdotes poderão oferecer holocaustos. Os pais continuam com papel preponderante na educação de seus filhos ao ponto de serem obrigados a denunciá-los à comunidade em caso de insubmissão ou rebeldia.

As novidades introduzidas são tantas que é necessário nos limitar apenas às principais:

1. Introdução do sábado.

2. Divisão do holocausto em mais 5 (ou 6) sacrifícios, compondo um sistema cúltico que caracterizava-se por:

- Ser nacional e realizado em lugar determinado por Deus.

- Ser conforme um ritual minucioso sem lugar para improvisos ou manifestações emotivas (ao contrário das nações ao redor).

- Exigir que seus celebrantes vivam conforme muitos preceitos (613 segundo os judeus) que regulam deste as vestes, o preparo de alimentos, até a construção das casas.

Entretanto, tomando a normatização do que havia e tudo o que foi introduzido, nosso Senhor resumiu, com dois textos escritos pelo próprio Moisés: “Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Mc 12.29-31).

Às vésperas de sua morte, depois de ter lavado os pés de seus discípulos e ter lhes ensinado a lição de que o maior deve ser o que serve. Depois de ter servido a Ceia, inclusive a Judas, que saiu para o trair, o Senhor disse aos onze: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo 13.34).

Chegou um novo sacerdócio e um nova lei se apresenta. Ela não é totalmente nova (neos). Está mais para uma normatização da antiga (kainos). O Senhor está livrando seus discípulos da subjetividade de um coração enganoso. Coração salvo, regenerado, mas enganoso, pois nele ainda habita o pecado.

Explicando melhor. Eu poderia dizer: Amei meu próximo tanto quanto me amo. Entretanto, Jesus mudou o parâmetro de comparação. Agora tudo deve ser comparado com o amor dele: “como eu vos amei”.

Paulo entendeu isso tão bem que escreveu: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou...” (Fp 2.5-7).

Queiramos ou não o mundo destaca esta semana (que deveria ser fonte de grande meditação para todos nós, afinal a maior parte dos evangelhos é dedicada a ela) e a mídia explorará as barbaridades e idolatrias que se repetem todos os anos. Porém, uma palavra deverá falar mais alto em nossos corações: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como Jesus o amou!

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