quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Precisamos de outra Reforma hoje?

Desde que fui ordenado pastor tenho feito esta pergunta a mim mesmo e a outros pastores. Confesso que minhas respostas sempre refletiram as dificuldades do momento. Já as respostas dos pastores mais experientes variaram e a dos pastores mais novos eram quase sempre iguais: começar tudo de novo como os Reformadores no Século 16 fizeram.

No fundo, desejo alguma espécie de aperfeiçoamento ou correção de rumo, que é difícil de expressar. Talvez, se eu falar dos problemas, possa, pelo menos, dizer o que mais me aflige.

Primeiro: A seriedade com os compromissos assumidos: Ainda no Seminário o livro Reformemos a Igreja, escrito pelo Dr. Klass Runia, chamou muito minha atenção sobre a frouxidão da disciplina eclesiástica e ultimamente o livro Subscrição Confessional do Rev. Dr. Ulisses Horta Simões, enfatizando a necessidade de manter os votos confessionais, mostra a desordem que atinge desde ovelhas a pastores (e até concílios) complacentes com o erro. Não há dúvida que isso precisa ser corrigido. Ou se preferirem usar o termo: reformado.

Segundo: Uma limpeza em nossos valores, especialmente no modo de vermos o culto a Deus: É preciso também uma correção (ou reforma) que vá além de usos e costumes. Ela deve atingir os valores Católicos Romanos impregnados em nossa cultura, tão evidentes em algumas cerimônias. Já avisei a minha família que não quero velório, nem culto de corpo presente. Quem quiser se despedir de mim faça enquanto eu estiver vivo (quem sabe, eu o convencerei a ansiar pelo dia em que me encontrará à mesa com o Senhor). E se outro tiver ideia de me fazer alguma homenagem – pois em nossa cultura basta morrer para virar santo – se lembre das palavras de nosso Senhor: “Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lc 17.10).

Terceiro: É preciso também, ao contrário, lembrar que muitas práticas genuinamente cristãs, não são exclusividade da Igreja de Roma e não podem ser deixadas de lado, por que “parecem católicas”. Por exemplo: Credo Apostólico, o Pai Nosso, etc.

Quarto: Precisamos ser cuidadosos com os extremos: Alguns em nome de cumprir o Princípio Regulador do Culto não oram o Pai Nosso quando o Senhor Jesus disse “Vós orareis assim”. Outros, insistem em cantar apenas os cento e cinquenta Salmos deixando de obedecer a ordem “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Cl 3.16) e preterem ricos ensinos que podem vir do restante da Escritura.

Quinto: Deixar bem claro quem somos nós: Os excessos que vemos hoje começaram quando se deixou, na prática, a doutrina Sola Scriptura (A Bíblia é a única regra de Fé e Prática). Ao aceitar-se revelações contemporâneas, abriu-se a porta para todos os tipos de invenções e chegamos ao absurdo dos sprays contra maridos infiéis ou travesseiros ungidos para provocar sonhos proféticos. Obviamente tudo vendido e bem cobrado.

Ainda dentro desse ponto é bom lembrar que hoje se reproduz com exatidão um aspecto contra o qual a Reforma do Século XVI lutou. Uma das razões para a venda das indulgências era a construção da Capela Sistina (que celebra esses dias seus 500 anos) adornada por artistas como Rafael, Bernini, Botticelli e especialmente por Michelangelo, pintor de seu teto em ousada blasfêmia de representar Deus, mas que, nem por isso, deixa de encantar muito protestantes que se declaram contra a venda de indulgências e contra a quebra do Segundo Mandamento.

Há muitas outras coisas de menor importância, que no entanto merecem vigilância, pois podem crescer e nos afetar. Acima de tudo o que deve nos servir de norte é a Palavra de Deus. Somente ela, mas em sua totalidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Precisamos,Pastor Folton, de uma nova reforma,sim.Uma nova humanidade,uma nova representação de Deus,um novo livro com Sua palavra,um só idioma,claro e objetivo.O bem e o mal bem delineados,o pecado e a virtude bem definidos.Como pode um Deus que não é de confusão permitir o atual estado que se encontra sua criação?