sábado, 11 de maio de 2013

A Palavra e o Espírito do Senhor–Parte 2

Espero ter, no artigo passado, indicado, o por que da Bíblia, falar da “Palavra de Deus” como uma pessoa. Como também espero que você pense bem antes de imaginar que o apóstolo João, tendo tantos exemplos nos profetas de Israel, tenha se valido da filosofia grega, como dizem alguns para explicar a natureza divina de Jesus.

Não sabemos como a “Palavra de Deus” é Deus e ao mesmo tempo sua Palavra, do mesmo modo como não sabemos como somos matéria e ao mesmo tempo espírito.

Hoje, indo um pouco mais fundo, lembro que a Bíblia nos informa que a “Palavra de Deus” assumiu a natureza do homem que ela mesma criou. E se refere a esse acontecimento usando termos muito interessantes: “a palavra se fez carne” (Jo 1.14), “se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens, e, reconhecido em figura humana...” (Fp 2.6-8), “manifestado em carne” (1Tm 3.16). Porém, uma das mais interessantes aparece indiretamente. Veja:

“Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hb 2.16-17). Ou seja: 1) Para socorrer a descendência de Abraão ele se tornou um deles (seus irmãos), 2) Misericordiosa e fielmente tornou-se sumo sacerdote para fazer propiciação dos pecados.

Fazendo um parêntese: Se ele veio socorrer a descendência de Abrão, como então seremos beneficiados? A resposta é dada por um descendente de Abraão (o apóstolo Paulo): “Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus” (Rm 2.28-29). Em outras palavras: Os descendentes de Abraão são aqueles que possuem a mesma fé na “Palavra de Deus” que Abraão possuía.

Concluído o socorro, feita a propiciação, há necessidade de estender sua obra. Aqui, na terra, ele confiou a nós (“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.15)). Em lugares que não conhecemos – e parece que nos é vedado conhecer – compete exclusivamente a ele: “... quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte” (1Co 15.24-26).

Porém, enquanto tal dia não chega e ao mesmo tempo ele “prepara-nos lugar” (Jo 14.14.2-3), para não nos deixar órfãos de sua companhia, ele enviou-nos o Espírito do Pai – que também é seu, já que ele e o Pai, apesar de diferentes, são um – com a missão básica de continuar conosco. Não fisicamente, mas em nossos corações e mentes.

A continuidade da “Palavra de Deus” conosco, é expressa na Bíblia através de termos igualmente interessantes. Veja alguns exemplos:

1º - “ele vos dará outro Consolador” (Jo 14.16): A tradução de outro exige que se entenda outro da mesma espécie (outro que me substitua naquilo que eu estava fazendo). E o termo Consolador, refere-se a alguém que “fala ao lado”, um conselheiro, um advogado de defesa, um ajudador, um confortador, etc.

2º - “... vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo 14.26). “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim” (Jo 15.26). “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir” (Jo 16.13). Observe que estes textos – instruções de Jesus aos apóstolos logo antes de ser preso no Getsêmani – falam basicamente da mesma coisa: o Espírito Santo terá como missão fazer com que eles se lembrem do que Jesus lhes ensinou e de como aplica-las.

3º - “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9). “... nós, os que de antemão esperamos em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa” (Ef 1.12-13): Observe que ele é também um selo que identifica aqueles em quem habita a “Palavra de Deus”.

Do Pai procedeu então a “Palavra”, verdadeiro Filho, que fez tudo o que lhe aprouve e para ele não voltou vazia. Do Pai e do Filho procederam o Espírito Santo, que já atuava desde a criação de todas as coisas, porém muito além de estar com seu povo, passou a estar em seu povo.

Glória seja pois ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito. Assim como era no princípio, e sempre será por toda eternidade.

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