sábado, 14 de junho de 2014

Ser cheio do Espírito Santo

O resultado imediato da descida do Espírito Santo foi a proclamação das grandezas de Deus pela Igreja, mesmo que para isso tivessem de usar idiomas nunca aprendidos: o Espírito Santo a capacitou a fazê-lo.

O Senhor Jesus tinha sido explícito: Eles receberiam o poder de testemunhar (especialmente sua ressurreição): E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. [...] recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (Atos 1.4-8).

Você já deve ter percebido que essa relação de causa e efeito (ser cheio do Espírito Santo e ter poder de testemunhar o Evangelho) foi desvirtuada ao longo do tempo. Desvirtuada ao ponto de se acreditar que, após ser cheio do Espírito Santo, se começa a resmungar, grunhir e produzir sons desconexos: o tal dom de línguas.

Esses grupos sequer lembram em que data o Espírito Santo desceu (eu nunca vi qualquer grupo pentecostal comemorar este dia), mas afirmam, com certeza, que apenas quem fala em línguas (as que ninguém entende) foi batizado por ele.

A história nos mostra que já houve outras tentativas de se falar desses acontecimentos pós-pentecostes. Por exemplo, (dentre os que se lembram da data), até hoje, em alguns países da Europa (e, até onde pude ver, em alguns lugares nos EUA) a segunda-feira faz parte da comemoração do Dia de Pentecostes (que sempre cai em um domingo). É chamada de withmonday. Nela, alguns grupos vestidos de túnicas de batismo, desfilam (ou desfilavam) atestando que tinham sido batizados com o Espírito Santo.

Em uma biografia do Dr. Martyn Lloyd-Jones, encontra-se uma descrição mais comedida:

Comemorávamos o Pentecostes na segunda-feira. Era um dia muito especial para os membros da Escola Dominical de Sandfields, em Aberavon. [...] as pessoas logo se organizaram e começaram a andar. Primeiro homens, depois mulheres com suas crianças, dúzias delas, guiadas pelas mães, tias, professoras, irmãs mais velhas. Cada uma das meninas usava um vestido novo, feito especialmente para a ocasião. Alegres e autoconfiantes como uma menina usando um vestido novo! Até mesmo os meninos se arrumavam para o evento.

E assim andávamos, em ordem, cantando “Onward! Cristian Soldiers” (Erga-se o Estandarte),  “Who is on the Lord`s Side?” (Quem está do lado do bom Salvador?) ou “Stand up, Stand up for Jesus” (Avante, avante, ó crentes). Marchávamos pelas ruas do nosso bairro, passando pelas casas das crianças, felizes por vermos alguns membros e seus familiares às portas de suas casas, acenando para nós e encorajando os pequenos cantores que passavam! (Bethan Lloyd-Jones. Memórias de Sandsfield. PES).

Marchar pela cidade cantando hinos de louvor, ou de exortação aos demais cristãos, não implica necessariamente em situações pecaminosas, como agir como loucos (o que, além de tudo, é condenado como uma atitude que atrai vergonha. Veja: 1º Coríntios 14.23ss). Porém, não é uma prova absoluta de que isso tenha acontecido.

De qualquer modo, a prova mais concreta de que o Espírito Santo fez morada em alguém, além da capacidade de testemunhar, é a vida desta pessoa. Veja: ...o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gálatas 5.22-23).

Em uma época de tantas fantasias, de gestos vazios e de engano, não nos deixemos iludir. Especialmente em um assunto tão importante quanto este.

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